Também em 100% dos casos conhecidos até agora, Erenice era a segunda, braço-direito da chefona da área, Dilma Rousseff. Não se escondeu de ninguém, é bom lembrar, que a promoção da então secretária-geral significou continuidade: mesmo disputando eleição, Dilma continuava no comando da Casa Civil. Na ordem de responsabilidades, a candidata natural ao posto era Mirian Belchior, ex-mulher de Celso Daniel e petista das antigas. Dilma preferiu premiar a fidelidade canina, a sua "parceirinha". Ambas já haviam trabalhado em perfeita sintonia no dossiê contra FHC e Ruth Cardoso, que Dilma chamou depois "banco de dados", e na "polêmica" venda da Varig, operação em que atuou Roberto Teixeira, compadre de Lula.
O que isso significa? Que Erenice é Dilma — e Dilma, obviamente, é PT. No partido, o esquema é fordista. Cada um ou cada grupo se encarrega de uma etapa do processo de produção, até que se chegue ao produto final. Não existe espaço para "artesãos", para "iniciativas pessoais". As partes compõem o todo, mas o todo está sempre presente, como organização, em cada parte.
Paulo Maluf, por exemplo, jamais poderia ser petista. Não tem nada a ver com a sua moralidade ou com a do partido. Elas são absolutamente compatíveis. Todos eles querem e disputam a mesma coisa. É que Maluf não deixa de ser um romântico, entendem? Trabalha sozinho. Já o PT atua em grupo. Fosse para usar uma metáfora zoológica, Maluf seria um guepardo. Os petistas são como hienas. Se preciso, eles se juntam e tomam até a presa do guepardo, segundo a máxima de que hienas que tomam a gazela do guepardo tem cem anos de perdão.
Seria uma tolice, uma estupidez, pensar que existe um "esquema Erenice". Erenice não existe. Quem existe é Dilma Rousseff.
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