Já que interrompi, por alguns instantes, o meu descanso (ver post acima), deixo aqui um registro: lamentável a divulgação, pela equipe da presidente eleita, Dilma Rousseff, das fotos em que ela aparece, no hospital, ao lado do vice-presidente da República, José Alencar. Na mais eloqüente delas, Dilma beija a testa de Alencar, mão esquerda na face direita do doente, a outra posta sobre a sua cabeça. Ele estava acordado — tanto é assim que somos informados que elogiou a composição do ministério (!) —, mas parece estar dormindo ou inconsciente, com os olhos cerrados.
Trata-se, obviamente, de um apelo de caráter emocional, espetacularizando nem tanto a doença dele — a sua luta é meritória —, mas a afetividade dela. Trata-se de uma óbvia desnecessidade. A solidariedade, a verdadeira (e não descarto que ela exista), dispensa esse tipo de divulgação, ainda que tenha contado, e certamente contou, com a concordância de Alencar e de sua família.
A cena expressa ternura? Sem dúvida! Só por isso foi oferecida ao consumo. Não há escapatória, meus caros: se o que importa ali é o gesto humano, fraterno, carinhoso, então isso não diz respeito a mais ninguém. Posta a imagem para circular, estamos diante de um discurso que já é político. E isso só nos diz como os políticos brasileiros são primitivos no que concerne ao decoro. Assim não, Dilma Rousseff!
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