Fantasia é fazer de conta que não há limites'
Para o coordenador de processos internacionais do Instituto
Vitae Civilis, Aron Belinky, priorizar a sustentabilidade 'não é uma questão de
fantasia, mas de ousadia'. Segundo ele, o modelo de desenvolvimento do governo
Dilma Rousseff carece de visão de longo prazo. 'É um modelo que simplesmente
reproduz o que já foi feito no passado, fazendo de conta que não há limites para
o planeta. Isso sim é fantasia', disse Belinky ao Estado. A Vitae Civilis é uma
das várias organizações da sociedade civil que fazem parte do Fórum Brasileiro
de Mudanças Climáticas.
'O Brasil tem uma oportunidade estratégica de se desenvolver
num padrão novo de sustentabilidade, integrando o desenvolvimento econômico,
social e ambiental num só modelo', disse.
Com relação às hidrelétricas, Belinky disse que é preciso
priorizar, também, medidas de eficiência energética, que permitam usar de
maneira mais eficiente a eletricidade que já é produzida - diminuindo, assim, a
necessidade de grandes obras na Amazônia, que, apesar de produzirem uma energia
de baixo carbono, têm grandes impactos sobre a biodiversidade e as comunidades
tradicionais da floresta.
'Há várias inovações que podem ser incorporadas ao sistema de
produção de energia sem a necessidade de grandes obras.'
O físico José Goldemberg, da Universidade de São Paulo, disse
que o discurso de Dilma é um 'mau presságio' para a Rio+20. 'Esperava-se que o
Brasil assumiria um papel de liderança, mas essa esperança não está se
materializando. O Brasil vai acabar ficando como vidraça', avaliou
Goldemberg.
Ele lembra que, hoje, as energias renováveis representam 13% do
total de energia do mundo e há previsões de que alcancem de 25% a 50% até 2050.
'Há hidrelétricas excelentes, não é uma questão de se opor a elas. Mas também é
tecnicamente incorreto não considerar outras energias. É um falso dilema.'
Nenhum comentário:
Postar um comentário