Por que eu não gosto de Lula
Eduardo Graeff, 31/05/12
No afã de apagar o mensalão da sua biografia, Lula o revive.
Ontem ele tentou, de novo, trocar o papel de agressor pelo de vítima. Não é ele que assedia o STF. Quem ousou denunciar o assédio é que não gosta dele. E, como quem não gosta dele é minoria, ele invoca a maioria para defende-lo e silenciar a crítica. A maioria mesmo vai continuar silenciosa. Mas a militância petista, como grita!
Na crise do mensalão, o truque funcionou, até certo ponto. O bastante para salvar o mandato de Lula, mesmo depois da confissão de Duda Mendonça dar motivo à impugnação da sua eleição. (Lembram? O marqueteiro da campanha de Lula em 2002 contou na CPI que recebeu parte dos seus honorários por uma conta no exterior, aberta seguindo instruções de Marcos Valério, o operador financeiro do mensalão.) Mas não o bastante para apagar a história.
Agora, contemplando a posteridade (quem sobrevive de câncer sabe como é isso), Lula se joga para ao menos evitar que o STF condene os mensaleiros. Não figurar entre eles no processo é uma sorte ambígua. Lula não pode ser condenado, mas também não tem como ser absolvido nesse julgamento. E se os outros forem condenados, quem acredita que a posteridade vai absolver Lula? Não ele, pelo jeito.
O pesadelo seria só dele, se as instituições democráticas não estivessem envolvidas. Ele, aparentemente, não está nem aí. Que se esgarcem as instituições, se for esse o preço para remendar sua biografia.
O traço mais desagradável da personalidade de Lula, para mim, é a egolatria.
Ao participar do 5º Fórum Ministerial de Desenvolvimento, em Brasília, Lula fez apenas uma referência aos que não gostam dele. “Vou falar em pé senão podem dizer que estou doente, para evitar esses dissabores. Você sabe que eu tenho muita gente que gosta (de mim) e alguns que não gostam. Então, eu tenho que tomar cuidado contra esses daí que são minoria e estão aí no pedaço”, disse o ex-presidente logo no início do seu discurso.
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