Um ex-ministro hediondo
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Num país sério seria como crime um ex-ministro da Justiça defender o maior contraventor do país e cobrar quinze milhões, certamente sabendo que esse dinheiro tem origem ilícita. Num país menos sério, mas lastreado em princípios éticos, seria imoral um ex-ministro da Justiça defender o maior contraventor do país e cobrar quinze milhões, certamente sabendo que esse dinheiro tem origem ilícita. Num país como o Brasil que não é sério e já perdeu o último fio com princípios éticos, a culpa é da imprensa.
Sem o menor pudor o ex-ministro da Justiça, além de defender o contraventor Cachoeira, defende um dos réus do mensalão, esquema criado para comprar parlamentares corrompendo não só a canalha política, mas os princípios democráticos de representatividade também.
Em entrevista à Mônica Bergamo, no programa “Ponto a Ponto”, da BandNews, Marcio Thomaz Bastos comparou o caso mensalão ao caso Nardoni, onde pai e madrasta mataram uma criança de cinco anos, numa alusão a atuação da imprensa que, segundo o ex-ministro, “algumas vezes erra” e faz “justiçamento”. Prefiro achar que a alusão tenha sido à gravidade e à hediondez dos casos.
Fico imaginando que no Brasil tudo pode. Tudo é aceitável. Até onde vai a flexibilidade de conceitos do povo brasileiro?